Ser humano

Tenho andado assim como que a viver por instinto. Tipo os animais... quando nascem ninguém lhes diz nada, mas eles lá vão vivendo e fazendo o que é suposto fazer.
Pensando bem esta coisa de virmos ao mundo e termos que andar por cá sem manual de instruções é uma grande chatice. E depois temos um problema como raça humana... temos a mania que somos racionais.
LOL... acho que os animais se devem rir desta nossa faceta e nem vou explorar a irracionalidade humana em termos globais, que isso mandava já por terra a nossa suposta superioridade, tais os actos atrozes de que o ser humano é capaz.. Falo apenas das escolhas que vamos fazendo na vida.
Em tom de procura da felicidade - do que é melhor, do que queremos, do que gostamos, do que poderá mudar - fazemos escolhas.
E às vezes apetecia-me ser um animal... não pensar, não me questionar, não escolher. Nascer, pôr-me em pé, andar, alimentar-me e passar a vida assim sem mais preocupações a não ser manter-me longe de predadores.
Como ser humano a coisa complica-se. Temos isso tudo, com a agravante de haver também emoções no ar, sentimentos.
E há mais gente como eu, mais seres humanos, que também procuram algo, que também escolhem. Querem, desejam e anseiam.
E tanto querer, de tanta gente junta, dá uma grande confusão. Como seres humanos, estamos cada vez mais egoístas e noções como "união", "solidariedade" e "espirito de entre-ajuda"; estão cada vez mais votadas ao reino animal. A malta especializou-se mesmo em olhar para o próprio umbigo e é um salve-se quem puder.
"Eu quero é saber da minha vida, que já é tão complicada" - ouvi no outro dia. Ou seja, que se lixe o resto! Essa cena irrita-me um bocadinho - não podemos andar para aqui a lixar-nos para os outros. Ou podemos???
Bem, eu não quero isso para mim. Toda a minha vida fui o que se pode chamar de parva, porque nunca me importei de dar, ajudar, partilhar. E nem sempre fui reconhecida, mas também nunca foi isso o que me moveu.
Tenho este defeito de fazer sei lá o quê e aconteça o que acontecer fico sempre à espera que o inverso seja verdadeiro. Ás vezes é, às vezes não é. Tempos houve em que me desiludia quando tal não sucedia. Hoje em dia sei que a única hipótese é continuar a ser como sou e pura e simplesmente aceitar que há pessoas diferentes. A seguir ponho-me a desejar que sejamos todos mais "iguais". E que pensemos que andamos todos no mesmo mundo, e por enquanto vai havendo espaço para todos, sem precisarmos de nos atropelar....
Pronto... também não me vou armar em Madre Teresa mas bolas apetece-me ser um bocadinho vermelhinha e lembrar aquele senhor do "Solidarności" (Lech Walesa). Não me candidato a prémio nobel da paz mas queria mais do ser humano, de mim também.
Profissionalmente e sem saber bem como, tenho estado ligada à agricultura e lembro-me frequentemente de um tema abordado quando dou formação. Uso um flipchart para explicar as vantagens do associativismo que consiste em várias folhas com desenhos:
  1. um homem tenta empurrar uma rocha gigantesca montanha acima;
  2. um homem tenta empurrar uma rocha gigantesca montanha acima - enquanto uma multidão observa;
  3. um homem tenta empurrar uma rocha gigantesca montanha acima - suando por todos os lados - enquanto uma multidão observa;
  4. um homem tenta empurrar uma rocha gigantesca montanha acima e pára - sozinho não consegue;
  5. um homem tenta empurrar uma rocha gigantesca montanha acima - e de repente algumas pessoas resolvem ajudá-lo na sua tarefa;
  6. várias pessoas empurram a rocha gigantesca - com esforço
  7. várias pessoas empurram a rocha gigantesca - a rocha está no cimo da montanta - missão cumprida.
E esta cena até parece propaganda de esquerda, em jeito de "a união faz a força" mas não. O que eu queria mesmo era que as pessoas vissem mais além e quisessem saber só um bocadinho mais dos outros. Que pensassem... que puta de vida complicada - a minha, a tua, a deles - mas andamos todos aqui, bora lá ser "gente". Bora lá empurrar a rocha juntos!!! Que não ficasse tudo a olhar e a fumar um cigarrinho enquanto a rocha e a montanha levam a melhor. Enquanto isso não contece... vou continuar a viver por instinto, sem saber muito bem o que fazer, mas sendo quem sou... uma utópica alucinada pelos vistos.

3 comentários:

Unknown disse...

Ai credo mulher...lá tas tu a empurrar a terra...ihihihi

x disse...

Não te sintas tão sozinha que ao que parece eu também sou uma utópica alucinada... de qualquer forma bora lá empurrar a merda da pedra montanha acima que já tou aqui que nem posso de tentar empurra-la sozinha tá... quando chegarmos lá acima sempre podemos atira-la montanha abaixo de forma a atropelar uns quantos pelo caminho que não fazem cá grande falta... bem, mas isto se calhar já é mau feitio... de qualquer modo na linha da frente estaria um amiguinho comum... que por minha vontade já levava com um pedregulho nos olhos e era reencaminhado de volta para o Tirol!! Mas adiante... amoriiiii... ajuda lá ai a empurrar o raio da pedra porque a que parece e se tudo correr nos conformes pode ser que a tua seja seja em parte a mesma que a minha... bora lá abalrroar o Morfina de vez!!!

Unknown disse...

Bolaaaas...quando atirarem a pedra não se esqueçam de me avisar, porque eu não quero ser abalroado.Coitado do El Rei Condor, que é uma figura surrealista, mas que faz falta cá neste mundo.