Vinte e duas coisitas

África, Moçambique, Maputo, cá...

  1. Recebem-se emails onde nos é dito que “a reserva das passagens de avião para Nampula está confimada. É favor bilhetar as mesmas até ao dia 20 de Novembro”. Por bilhetar entenda-se: efectuar o pagamento dos mesmos.
  2. Ao apagar as sms do telemóvel verifico que quase todas as que recebo dos meus amigos de cá, dizem o mesmo: “Desce” e nem ponto final. É o que dá estar em Maputo sem locomoção própria.
  3. Para ter água em casa (e por ser um 2º andar) é necessário ligar todos os dias a bomba de água. A mesma, bombeia água dum tanque instalado em cima da garagem que fica nas traseiras do prédio.
  4. Já se vai a Kara(lh)okes e acha-se uma relativa piada áquilo. Já dei por mim a cantarolar sozinha algumas daquelas xaropadas brasileiras que ouço por lá. Ouvir a “Cinderela” do Carlos Paião cantada em Maputo, sei lá... tem outro encanto e fez-me pensar.
  5. De repente começa-se a achar normal ter empregada doméstica e não ter que mexer uma palha e ainda dois guardas que se revezam em turnos, à porta do prédio.
  6. Fica-se muitas vezes intrigada com o facto quase todo o moçambicano vender qualquer coisa. Alguns acumulando essa actividade com os empregos. Tudo serve para vender... e há de tudo: molhinhos de carvão, fichas triplas, elásticos para o cabelo, artesanato, castanha de cajú, batik’s, etc... É só escolher. Os vendedores mais finos vendem produtos da Avon e têxteis-lar por catálogo.
  7. Pede-se à D. Olinda o favor de trazer o arroz-dôce do frigorífico para a mesa....
    Ela vai. Demora 5 minutos. Volta. E com cara de muito confusa pergunta:
    -“Sinhóra é pa aquecêêê?”
    -“Não D. Olinda não é preciso aquecer o arroz-dôce, traga assim mesmo.” (lol)
  8. A Herbalife por cá não se safa. A malta quer é comer e beber e o resto que se lixe. A vida é uma festa, sempre de copo em punho e comida à disposição. Tudo o resto “Há-de vir...”.
  9. Dou por mim a dizer Maningue (muito), Yah (sim), Djô e Iebô (tasse meu). Digo também coisas como “Tá nice” em vez de “Está bem” e “Tou a pediiiiir um palmar” em vez de “Queria um maço de Pall Mall, se faz favor”.
  10. Fica-se fascinada com os “Chapas”. Umas carrinhas todas velhas e batidas, que supostamente deviam levar nove passageiros mas que andam cheias até ao tecto. Algumas passam tão sobrelotadas que até saem rabos pela janela. Juro que é verdade. Um dia apanho coragem e vou até à Matola de chapa.
  11. Habituamos-nos à ideia de que é normal haver sempre autostops por toda a cidade. Uma verdadeira caça à multa. Por um lado, ainda bem que nao tenho carro. Tudo serve de desculpa para se fazer uns dinheirinhos.
  12. Recebem-se muitas sms estranhas por engano. A última que recebi diz ”Perfiro deixar a namorada.Dana bairo caneco”. (?!?!?)
  13. As pessoas são no geral muito afáveis. Mas... e apesar de falarmos todos a língua lusa, a comunicação às vezes fica um bocado complicada. Frigorífico cá é geleira, e congelador, geleira de cima. Se formos tirar uma fotografia, dizemos que vamos fotar. Mas há muitas mais...
  14. O “Giro” (cartões regarga para o telemóvel), é vendido em todas as esquinas. Um giro de 100, dá para muito cá. Dá para dois minutos se ligar para Portugal.
  15. A energia eléctrica às vezes falha e a internet funciona à velocidade de um caracol.
  16. O excesso de bagagem no aeroporto de cá é... é...
    20 meticais por cada quilo a mais. Qualquer coisa como 50 cêntimos de euro.
  17. Está-se agarrada à internet de tal forma que já penso que o computador é parte integrante do meu corpo. É o meu meio de comunicação.
  18. No “Mercado do Peixe”, compra-se marisco e peixe fresco baratíssimo que depois é cozinhado pagando-se apenas o preço da “mão de obra” numas tasquinhas nas traseiras. Com uma grande esplanada plantada directamente na areia suja: um almoço ali dura uma tarde inteira e está sempre cheio. Vir a Maputo e não ir ao Mercado, é como ir a Roma e não ver o Papa.
  19. O Kamissa, o ÁfricaBar e o Gil Vicente são bares com um verdadeiro ambiente africano. É muito giro lá ir e há sempre música ao vivo.
  20. África, Moçambique está a fazer-me bem. Já estou a emagrecer e tudo!
  21. Parece que em breve estarei a caminho da Beira ou de Nampula. Cá vai a gaja mais uma vez à aventura... Olha, o que tiver de ser... Será.
  22. Sinto saudade. Muita saudade.

6 comentários:

Hélder disse...

Gostei de ler, fiquei a conhecer um pouco.

Quantos às saudades, nós vamos ajudando. ;)

Beijinhos.

S disse...

htsousa, obrigada. :)
Beijinhos

Susana disse...

é tudo verdade...
e eu já sinto saudades ao contrário!!

S disse...

susana, eu também já sinto saudades de ti. :)

João Feijó disse...

é pá. essa cidade de facto encanta. Já experimentaste ir ao núcleo de arte. Não sei se ainda existe, mas no mercado do peixe sugiro as diárias do Gaivota. Sai bem mais económico. Estamos juntos.

S disse...

jf, pois a cidade encanta e cá vou ficando.
Olha... o kamissa de que eu falo é o núcleo de arte e quanto às diárias do Gaivota, vou experimentar.
Obrigada pelas dicas e pela visita. :)