Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre. (Clarisse Lispector)
Desvarios
Conversas de gajas(6)
Ela2: Isso já não existe. Precário por precário prefiro deixar a minha filha ser o que quiser. Além disso acho que ela tem jeito...
Ela1: Mesmo assim... acho que não devias deixar.
Eu (grito só para mim): Que chata pah! Cala-te! Que raio de conceito de "querer o melhor para o filho". grrrrrrrr
Censurado
- 25 milhões de pessoas em todo o mundo caem a cada ano para baixo do nível de pobreza ;
- 1 bilhão e 300 milhões de pessoas vivem com menos de 1 dólar por dia;
- Há 800 milhões de pessoas subnutridas no mundo;
- Mais e 100 mil pessoas morrem devido à fome todos os dias ao redor do mundo, sendo que 11 mil são crianças;
- Um terço das crianças dos países em desenvolvimento apresentam atraso no crescimento físico e intelectual;
- 1,3 bilhão de pessoas no mundo não dispõe de água potável;
- 40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas e encontram-se abaixo do peso;
- A cada quatro minutos uma criança fica cega por falta de vitamina A;
- A cada sete segundos uma criança menor de dez anos morre devido à subnutrição;
- etc, etc, etc...
Acho que chega de informação e perante isto, só me apetece dizer ao parvalhão e ignorante que pagou esta alarvidade de dinheiro por uma peça decorativa:
- Olhe, vá p'ra p(iii) que o pariu!!!!
Excelentíssimo Senhor Pai Natal
Cinco pontos suspirados

Ponto um: Parece-me bem.
Bem... Então é assim...
Chiquita Banana
Tchi, Tchi, Tchi, Tcha, Tcha, Tcha... Chiquita Banana... la la la
Depois conto o resto. Por agora quero dizer ao mundo, que estou muito, muito, feliz.
Turn off the light... Dream on girl
Dream on girl, Dream on girl I want to see you sleep tonight You’re up and down You hit the ground And time is drifting trough your fears I can’t find your dreams tonight And make your lover come back home If you don’t know, you are on your own I’ll choose the best place for your sleep Come back to see the day you lost your heart And all your hopes I’ll take you to see the sunrise and try to catch your ghost... oh... Come on girl, a dream is your world The signs you see are in your mind The words that you speak are here in my ear So I can hear you falling down Take a breath to see me (Take a breath to see me) I can wait for you too (I can wait for you too) Live our live with no hopes but If you still believe… Come back to see the day you lost your heart And all your hopes I’ll take you to see the sunrise and try to catch your ghost Come back to see the day you lost your heart And all your hopes....
"Dream on girl" - Rita Redshoes (uma tuga com uma voz para sonhar)
Estive a brincar...
A minha cama
Eu.
Deitada.
A minha vida espalhada na cama.
Os cigarros, o cinzeiro.
Telemóvel como quem espera.
Alguém que chame.
Lençol enrolado.
Enrugado, desprezado.
Precisarei dele.
Com a brisa da lua, vou sentir frio.
Um livro.
Dá-me esperança.
Tudo espalhado na cama.
Bateram à porta.
Não se me altera o batimento.
Não me atormento.
Ás vezes é só o carteiro ou alguém que se enganou na morada.
Quase nunca vale a pena.
Faço. Como se fosse nada.
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Expressão despreocupada.
O meu coração diz que é melhor assim.
Sabemos bem como fazer.
Sem emoções.
Sinto-me.
Peço-lhe.
Não te animes.
Finge alguma distância.
Diz-me.
Não nos vamos meter em apuros.
Preferimos assim.
Ambos sabemos.
Estamos mais seguros.
A um “bater na porta” não se pode dar grande importância.
Até porque tenho a vida espalhada na cama.
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Acto reflexo.
Sem pensamento.
Abro a porta.
Não distingo a forma.
Alguém em movimento.
Assemelha-se a toda a gente.
Cumprimenta-me.
Diz-me.
Tem algo para fazer cá dentro.
Não percebo bem o quê.
Convido-o a entrar.
Não sem antes o avisar.
Tenho a vida espalhada na cama.
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Falamos sobre coisas.
Nada de especial.
Conversa de circunstância.
Preenchemos o vazio.
Eu, o meu. Ele, o dele.
Sem nos darmos conta.
Já cá estamos.
Vê a minha vida espalhada na cama.
Continuo sem saber o que veio fazer cá dentro.
Não me importo.
Gosto de não estar só.
O tempo passa e não dou por nada.
Sinto-me acompanhada.
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Pressinto.
Esperança.
Faço o meu melhor sorriso.
Dedico-lhe um beijo.
Cortejo.
Sem me dar conta.
Prolongo o seu tempo comigo.
Procuro o seu olhar.
Como o meu, meio perdido.
Enamorado.
Olhar tímido.
Dirige-se a mim.
Diz que é assim.
Envergonhado.
Convido-a a sentar-se na cama.
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Resisto.
Não digo.
Podes ser como quiseres comigo.
Segreda-me algo.
Não é preciso.
Ao ouvido.
Ele sabe.
Adivinha-me.
Um sorriso que me molda.
Que me mostra.
Está tudo bem, tudo quase perfeito.
Diz-me que quer, também ele, desperdiçar o seu tempo.
Damos um jeito.
Esperamos.
Juntos.
Pela minha vida espalhada na cama.
______________________________________________________
Sorrimos os dois.
O meu primeiro sorriso.
A sério. A sério.
Este é mesmo a sério.
O primeiro em muito tempo.
Agrada-me vê-lo feliz.
Sabe-me bem.
Ainda bem que abri a porta.
Penso.
Poderia não estar em casa.
Mas estava.
Calhou, naquele dia não ter saído.
Calhou, ter-me dado para abrir.
Ainda bem que o fiz.
Que estava para aqui espalhada na cama.
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Os dias passam.
Nós ali.
Não queremos.
Que tenha um fim.
Ambos sabemos.
Ficar, estar, esperar.
Se existirmos, somos.
Prosseguimos.
Sonhamos.
Parece que gravitamos.
Vôo em frente.
Espero por ele.
Acompanha-me.
Pressente a minha direcção.
Ia no mesmo sentido.
Diz-me.
Procuro a tua vida espalhada na cama.
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Sorrio.
Já sei o que veio cá fazer dentro.
Porto de abrigo.
Sonho.
Deliro.
Racionalidade ausente.
Viajo pela sua alma.
Sinto o seu corpo.
Quero.
Estendo-lhe a mão.
Tirei-a entretanto do bolso.
Tenho mesmo de ir.
Devia tê-lo cumprimentado logo ao início.
Desperdicei o seu calor.
Sem o saber.
Despedimo-nos por umas horas.
Vontade e querer.
Contento-me.
Expressei-os sem me aperceber.
Sei que amanhã, volta.
Ele.
Com um pretexto.
Eu.
Com a vida espalhada na cama.
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Vou esperar.
Desejando a sua presença.
Que bata à porta por mim.
Por agora fico assim.
Com a minha vida espalhada na cama.
Com a ilusão de que ele me ama.
Vinte e duas coisitas
África, Moçambique, Maputo, cá...
- Recebem-se emails onde nos é dito que “a reserva das passagens de avião para Nampula está confimada. É favor bilhetar as mesmas até ao dia 20 de Novembro”. Por bilhetar entenda-se: efectuar o pagamento dos mesmos.
- Ao apagar as sms do telemóvel verifico que quase todas as que recebo dos meus amigos de cá, dizem o mesmo: “Desce” e nem ponto final. É o que dá estar em Maputo sem locomoção própria.
- Para ter água em casa (e por ser um 2º andar) é necessário ligar todos os dias a bomba de água. A mesma, bombeia água dum tanque instalado em cima da garagem que fica nas traseiras do prédio.
- Já se vai a Kara(lh)okes e acha-se uma relativa piada áquilo. Já dei por mim a cantarolar sozinha algumas daquelas xaropadas brasileiras que ouço por lá. Ouvir a “Cinderela” do Carlos Paião cantada em Maputo, sei lá... tem outro encanto e fez-me pensar.
- De repente começa-se a achar normal ter empregada doméstica e não ter que mexer uma palha e ainda dois guardas que se revezam em turnos, à porta do prédio.
- Fica-se muitas vezes intrigada com o facto quase todo o moçambicano vender qualquer coisa. Alguns acumulando essa actividade com os empregos. Tudo serve para vender... e há de tudo: molhinhos de carvão, fichas triplas, elásticos para o cabelo, artesanato, castanha de cajú, batik’s, etc... É só escolher. Os vendedores mais finos vendem produtos da Avon e têxteis-lar por catálogo.
- Pede-se à D. Olinda o favor de trazer o arroz-dôce do frigorífico para a mesa....
Ela vai. Demora 5 minutos. Volta. E com cara de muito confusa pergunta:
-“Sinhóra é pa aquecêêê?”
-“Não D. Olinda não é preciso aquecer o arroz-dôce, traga assim mesmo.” (lol) - A Herbalife por cá não se safa. A malta quer é comer e beber e o resto que se lixe. A vida é uma festa, sempre de copo em punho e comida à disposição. Tudo o resto “Há-de vir...”.
- Dou por mim a dizer Maningue (muito), Yah (sim), Djô e Iebô (tasse meu). Digo também coisas como “Tá nice” em vez de “Está bem” e “Tou a pediiiiir um palmar” em vez de “Queria um maço de Pall Mall, se faz favor”.
- Fica-se fascinada com os “Chapas”. Umas carrinhas todas velhas e batidas, que supostamente deviam levar nove passageiros mas que andam cheias até ao tecto. Algumas passam tão sobrelotadas que até saem rabos pela janela. Juro que é verdade. Um dia apanho coragem e vou até à Matola de chapa.
- Habituamos-nos à ideia de que é normal haver sempre autostops por toda a cidade. Uma verdadeira caça à multa. Por um lado, ainda bem que nao tenho carro. Tudo serve de desculpa para se fazer uns dinheirinhos.
- Recebem-se muitas sms estranhas por engano. A última que recebi diz ”Perfiro deixar a namorada.Dana bairo caneco”. (?!?!?)
- As pessoas são no geral muito afáveis. Mas... e apesar de falarmos todos a língua lusa, a comunicação às vezes fica um bocado complicada. Frigorífico cá é geleira, e congelador, geleira de cima. Se formos tirar uma fotografia, dizemos que vamos fotar. Mas há muitas mais...
- O “Giro” (cartões regarga para o telemóvel), é vendido em todas as esquinas. Um giro de 100, dá para muito cá. Dá para dois minutos se ligar para Portugal.
- A energia eléctrica às vezes falha e a internet funciona à velocidade de um caracol.
- O excesso de bagagem no aeroporto de cá é... é...
20 meticais por cada quilo a mais. Qualquer coisa como 50 cêntimos de euro. - Está-se agarrada à internet de tal forma que já penso que o computador é parte integrante do meu corpo. É o meu meio de comunicação.
- No “Mercado do Peixe”, compra-se marisco e peixe fresco baratíssimo que depois é cozinhado pagando-se apenas o preço da “mão de obra” numas tasquinhas nas traseiras. Com uma grande esplanada plantada directamente na areia suja: um almoço ali dura uma tarde inteira e está sempre cheio. Vir a Maputo e não ir ao Mercado, é como ir a Roma e não ver o Papa.
- O Kamissa, o ÁfricaBar e o Gil Vicente são bares com um verdadeiro ambiente africano. É muito giro lá ir e há sempre música ao vivo.
- África, Moçambique está a fazer-me bem. Já estou a emagrecer e tudo!
- Parece que em breve estarei a caminho da Beira ou de Nampula. Cá vai a gaja mais uma vez à aventura... Olha, o que tiver de ser... Será.
- Sinto saudade. Muita saudade.
Let me sleep on it tonight
Hold on
Let me sleep on it tonight
Decide in the morning light
Hold on
Let me sleep on it tonight
And I know it's going to be allright
Conversas com o sexo oposto(5)
Eu: Eh pah aquilo é muito queque. Gente muito afectada. Não curto muito lá ir.
Ele: Tava o Máximo!!! Acredita !
Eu: lol Ok. Acredito!
Ele: É bom ver loiras para variar!!! Muito bom.... AHAHAHAHA
Eu: Olha... uma vez um gajo alemão disse-me...
Ele: (diz morena!!!) AHAHAH
Eu: "As loiras parecem ser boas... as morenas são-o"... "Gajas" não é o meu departamento, mas como morena, concordo absolutamente com ele.
Conversas com o sexo oposto(4)
Eu: Sinceramente... acho que já é uma grande sorte conseguir amar só uma pessoa. Não sei que mais te hei-de dizer...
Conversas de gajas(5)
Eu: (enquanto se ouvia a Sandra Kim a dizer que ama a vida!)... olha... olha lembras-te da Dora?
Ela: ...???
Eu: sim... aquela das frutas!
Ela: frutas!!???? Essa era Dina...
Eu: ...ya, essa daquela música nanananananananananana... lembras-te?
Ela: sim... aquela "peguei..."
As duas: "peguei, trinquei, meti-te na boca..."
Pesquisa no Youtube, abrimos o vídeo da Dina e...
As duas: HAHAHAHAHAHAHA !!! ... hummmm, não é na boca é na cesta.... HAHAHAHAHAHAHA
Ela: HAHAHAHAHAHAHAHA
Eu: HAHAHAHAHAHAHAHA
Ela: ... aiaiaiaiaiai
Eu: Eh pah... deve ser o nosso subconsciente a falar...
Ela: ... pois é!!!
As duas: HAHAHAHAHAHAHAHAHA
ps: este post fica em jeito de esclarecimento à suzy que diz que anda um pouco amnésica e vá se lá saber porquê já não se lembra muito bem da sucessão dos acontecimentos desta noite. ahahahaha
O jantar de sexta..
Um Banco do Millenium
Coincidências como eficiência??? De certeza que não as há.
Desconfio que o Sr. Jardim Gonçalves nem faz ideía do atraso de vida que o seu Banco é por cá. Acho que ele está descansadinho porque pensa que o facto de ter dependências espalhadas por toda a cidade é o suficiente.
Mas olhe que não, olhe que não...
Quem passa por uma dependência do BIM, está habituado a ver uma fila enorme de pessoas à porta. Aliás foi uma das primeiras coisas a chamar-me a atenção quando cheguei a Moçambique.
À minha pergunta de ignorante: "porquê???"... Veio uma resposta simples: porque sim. Porque têm muitos clientes, porque os sistemas estão sempre em baixo, principalmente porque são uns incompetentes e porque não dão conta do recado.
Sexta-feira passada vi-me obrigada a dirigir-me ao BIM para levantar um cheque e preparei-me mentalmente para a grande seca que ia levar.
Primeiro rodei a cidade à procura de uma dependência que tivesse menos pessoas na fila. Lá arranjei uma e achei eu que estava cheia de sorte quando me calhou o terceiro lugar na mesma.
Diga-se de passagem que isso não significa que me despachasse com celeridade. Aqui trabalha-se com muita, muita calma e apesar de ser inicio do mês, dos três guichets disponiveis, só um estava a funcionar. Chegada a minha vez, fui informada que apesar de ser portadora de um cheque do próprio banco, não o podia levantar ali.
De lá me dirigi à sede do BIM e eis que me deparo com mais de 100 pessoas no seu interior à espera de serem atendidas. Eram 14h30 e entrei em pânico com a probabilidade de passar ali uma tarde inteira.
Ali parada na fila, comecei a pensar:
- "Mas como é que este País pode andar para a frente se as pessoas têm de perder dias de trabalho só para levantar um cheque?";
- "Se eu fosse cliente deste Banco cada vez que cá viesse armava aqui um chinfrim. Isto é inadmissivel!";
- "Qual é o número das pizzas? Estou a ver que vou precisar de encomendar o jantar";
- "Não tarda, estou abancada no chão";
- "Deixa-me mas é procurar o Sr. XXXXXX para ver se ele me safa desta seca".
Aqui como em qualquer lado do mundo, o factor "C" é uma coisa importantissima. Fiz um choradinho ao senhor que por acaso conhecia lá, ele agarrou no meu passaporte e no tal cheque e foi pela porta do cavalo, entregar ao caixa.
Disse-me para esperar em frente às caixas, haviam de chamar pelo meu nome. Aí apercebi-me que estava numa nova fila... a fila dos "favores", da malta que conhecia alguém ali dentro. Ou seja, passei da fila normal com umas cinquenta pessoas, para a fila das cunhas que mesmo assim tinha umas trinta.
... Começo interiormente a falar com jesus cristinho... Ai meu deus, dai-me paciência...
E eis que vejo o gerente, um senhor tuga com ares de maioral, que apareceu por ali e ficou a olhar. De mãos nos bolsos! O senhor gerente esteve assim durante uns 5 minutos.
Pensei: Pronto, o gajo vai resolver isto.
Nepes, népia, nadica de nada. Passados 5 minutos, virou costas e bazou como se nada se passasse.

- apenas 2 dos 10 guichets estavam a funcionar;
- mais de dez funcionários se encontravam num canto da dependência a disfrutar do seu almoço takeaway numa alegre cavaqueira;
- a malta (cliente) estava mesmo farta daquilo;
- a probabilidade de um motim era eminente.
Não!!!... Para ele aquilo devia ser tudo normalissimo.
Valeu-me a minha cunha ser mesmo das boas e até na fila dos "favores" passei à frente. Bem ao jeito de espertalhaça tuga, só tive que fazer parte deste filme durante 45 minutos. Nada mal, nada mal. Agora espero que os santinhos intercedam por mim e que nunca mais tenha que lá pôr os pés outra vez, seja porque assunto fôr. Livra!
... o que acaba... neste momento... neste preciso momento... e deixem-me ser verdadeira... neste preciso momento... tenho vontade de vomitar
Eh pah... eu sei que Ana Malhoa é assim um ícone para a população tuga masculina. Pelos atributos físicos da moçoila, até compreendo o fetish de que padecem muitas almas lusitanas. Mas pah... depois de ouvir este discurso tão bem elaborado e que prima pela mais correcta construção gramatical e uso exemplar da lingua portuguesa que vi nos últimos tempos, sinto-me impelida a deixar aqui um conselho a todo o gajo que sonha com a Ana:
"Sr. Gajo, seja lá o fetish que acalente com a boazuda da Ana e sob pena de o mesmo se esvanecer em dois segundos se ela começar a falar... eh pah... neste momento... neste preciso momento... seja lá como for... cole-lhe um adesivo na boca e não a deixe proferir uma única palavra".
Aviso: Ainda não são completamente conhecidas as consequências que este discurso da Ana pode ter para a saúde masculina. Em certos casos, ainda que raros, uma dose pequena pode desencadear efeitos normalmente obtidos com altas doses. É esse o problema.
Ehhh porque se eu fosse talvez drogada, ou se fosse rasgada, ou se fosse prostituta eles aceitariam-me no programa mas como eu sou da maneira como eu sou... não sou nada disso, sou uma artista, não sou elitista, eu vou estar aqui neste programa, estarei e não vou ao Portugal no Coração
Negaram-me eu estar no Portugal no Coração... estava marcado... pela maneira como me apresento, pela minha roupa, olhem...
Vou dizer, caros amigos, caros colegas, para mim, eu sempre vos ajudei, vocês telefonavam-me para... "Ana vem ao programa porque falhou um artista". E a Ana ia imediatamente, assim que podia, ia, ajudava-vos, ehhh...nunca faltei a nada, sempre fui a maior profissional, como sou em todo o lado. Porque eu sou assim. Eu sou assim. Vocês foram errados comigo.
Portugal no Coração, tem aqui a minha palavra em directo que não vou ao vosso programa. Vou-me apresentar assim, neste programa, em todos os outros, nas pessoas que me aceitam por aquilo que eu sou, pela artista que eu sou, pela Ana pessoa e profissional. Convosco e para vocês, Ana Malhoa nunca mais vai actuar.
Eu tenho o meu maior respeito pelo meu público. O meu público, aquelas pessoas que gostam de mim, as pessoas que estão comigo, que estão do meu lado. E vocês também têm esse público porque sabem quando eu vou aí desse lado têm audiências. Então vocês estão a desesrepeitar-me..."
A good heart these days is hard to find
Aqui fica em jeito de "recordar é viver", "ai que romântica que eu sou" e "estou a ficar cota comó caraças".
Eu vou ouvi-la antes de dormir, acompanhada de uma Laurentina. Com uma Guiness também se ouve muito bem.
Bons sonhos!
I hear a lot of stories, I suppose they could be true
All about love and what it can do for you
High is the risk of striking out, the risk of getting hurt
And still I have so much to learn
Well I know 'cause I think about it all the time
I know that real love is hard to find
And a good heart these days is hard to find
True love, the lasting kind
A good heart these days is hard to find
So please be gentle with this heart of mine
My expectations may be high, I blame it on my youth
Soon enough I'll learn the painful truth
I'll face it like a fighter then boast how I've grown
Anything is better than being alone
Well I know 'cause I learn a little every day
I know 'cause I listen when the experts say that...
A good heart these days is hard to find
True love, the lasting kind
A good heart these days is hard to find
So please be gentle with this heart of mine
As I reflect on all my childhood dreams
My ideas of love weren't as foolish as they seemed
If I don't start looking now I'll be left behind
And a good heart these days, it's hard to find
Well I know, it's a dream I'm willing to defend
I know it will be worth it in the end
A good heart these days is hard to find
True love, the lasting kind
A good heart these days is hard to find
So please be gentle with this heart of mine
Feargal Sharkey - A Good Heart
Tralhas e coisas que não me fazem falta nenhuma
Tenho tudo o que é meu encaixotado e desmontado.
Há um ano e alguns pózinhos atrás resolvi que ia partir. Há um ano e menos pózinhos atrás, parti mesmo.
Ao principio, parti apenas. Deixei tudo como estava. Fiz uma mala, fechei a porta e sai. Tão simples como isso. Passados 4 meses voltei e desmontei a minha vida de vez. Tinha estado na Alemanha e de regresso a Portugal continuei a sentir aquele desejo de partir que me trouxe aqui, a Moçambique.
Pensei, não é aqui que quero estar agora, não faz sentido continuar com tudo isto. Cancelei o contrato da casa. Depois comecei a encaixotar as minhas coisas, mas só aquelas com que queria mesmo ficar e esvaziei a casa.
Desfiz-me de algumas coisas que já não queria e outras cedi a quem achei que precisava mais do que eu. O meu carro ficou com a minha mãe. Estava farta de a ver a ir a pé para o serviço e assim escusa de ficar parado a apodrecer na rua.
“Emprestadei” também os seguintes bens materiais, que foram distribuídos da seguinte forma:
- sofás, estante da sala, mesas e cadeiras e ainda a máquina de lavar loiça que foram para a minha mãe (máquina de lavar ela não tinha e quanto à sala fui eu que insisti muito... sei lá apeteceu-me que ela tivesse uma sala nova e gostei de lhe proporcionar isso);
- mobília do quarto dos meus filhos e demais acessórios e ainda televisão, dvd, mini-aparelhagem de som e computador que instalei no meu antigo quarto de solteira em casa da minha mãe, para deixar por lá um canto aos meus filhos (foi a minha forma de lhes deixar um cantinho com ar da nossa casa, já que de momento tal coisa não existe. Palpita-me que vai tudo ficar por lá);
- mobília do meu quarto, foi para casa da namorada do meu ex-marido (a namorada tinha um quarto vazio em casa e assim já não está);
- microondas que dei à mãe do meu ex-marido (o dela tinha-se avariado);
- a mesa e cadeiras da cozinha (que foram para o campismo dos sogros).
De resto fiquei com pouca coisa encaixotada, coisas de gaja como roupas e sapatos e adereços que que não valia a pena trazer comigo, os meus cds e livros, os albuns de fotografia, as cassetes de video com os filmes da minha vida, brinquedos e recordações dos meus filhos; as antiguidades que herdei do meu avô, as poucas estatuetas africanas que tinha lá por casa e alguns quadros, a loiça e acessórios de cozinha, o fogão, a máquina de lavar roupa e o esquentador e agora não me lembro assim de mais nada.
Tudo isto ocupou no máximo umas 10 caixas de cartão (gentilmente cedidas pelo Mini-Preço da Cova da Piedade) e foi armazenado num espaço cedido pela familia do meu ex-marido.
A minha família acha (assim mais ou menos) que eu estou maluca e a minha mãe só me dizia “Oh filha mas estás a desfazer-te de quase tudo, como vais fazer quando voltares?”.
Respondi-lhe sempre que não estava minimamente preocupada com isso, quando voltar logo vejo. Mas de facto compreendo a minha mãe.
Tinha o seu sonho de mãe realizado, ver a filha com um emprego estável, com a sua casa e carro, com a sua familia e de repente a filha resolve que não é assim que quer viver, que quer mudar, que quer crescer, pior que isso, põe em prática o que pensa.
Como mãe que sou também, sou obrigada a compreender. Mas como filha, faço o que desejo que os meus filhos façam também, se um dia não estiverem bem que se mudem, que procurem o que querem, nem que para isso tenham de virar a vida do avesso e dar-me umas dores de cabeça pelo meio.
Às vezes penso, mas agora não tenho quase nada... ai meu deus!!! E devem estar a ler e a pensar, mas esta gaja é doida!?!?
Pois, devo ser, mas a verdade é que todas essas coisas de que me desfiz fazem parte do “antes” de partir, quando voltar quero diferente. Pode parecer estúpido, mas é mesmo assim que me sinto. Além de que todas essas coisas materiais não me fazem falta nenhuma. Não passam de tralhas. O que preciso mesmo a sério está guardado dentro de mim e para isso não preciso de casa nem de caixotes.
Ao fim de um ano acho que a minha mãe já se habituou à ideia. A ideia de que a filha que ocupava um T3 em Portugal, tem neste momento a vida metida em 10 caixotes... o resto anda à solta por aí, a mudar. Na minha opinião para melhor. Pelo menos sinto-me assim. EU, agora numa versão desencaixotada.